Biografia extraída do Livro Alberto Valença do escritor Clarival Prado Valladares.
1890 - Nascimento de ALBERTO DE AGUIAR PIRES VALENÇA a 7 de junho, na cidade de Alagoinhas Estado da Bahia. Filiação: Manuel Joaquim Pires Valença (Alagoinhas, BA, 1859 - Salvador, BA, 1889) e Olympia de Aguiar Pires Valença (Bahia, 1858 - Salvador, BA, 1951). Manuel Joaquim era telegrafista, transferido para a cidade do Salvador, onde exerceu o cargo até 1897, falecendo no ano seguinte, de doença do coração, aos 39 anos. São seus filhos: Almiro, que tem 90 anos: Alberto, com 89; Heitor (falecido) e Ezilda (falecida). Com a perda do pai, Almiro e Alberto (este com apenas sete anos e meio de idade) tiveram a infância dividida entre o curso primário e o trabalho para ajudar o custeio da casa.
1905 - Alberto inicia estudo de desenho no Liceu de Artes e Ofícios, aluno de Manuel Lopes Rodrigues (Salvador, BA, 1859 - idem, 1917) e da irmã Maria Constança Lopes Rodrigues. Estuda à noite em virtude de suas obrigações no modesto trabalho.
1908 - Amparado por seu mestre, o pintor Manoel Lopes Rodrigues, matricula-se na Escola de Belas-Artes, onde conclui o curso de Pintura em novembro de 1914.
1912 a 1920 - Trabalha como desenhista técnico na Cia, de Energia Elétrica, subsidiária da Cia. Linha Circular da Bahia, cujo diretor, o engenheiro Américo Simas, estimula o jovem Alberto Valença em sua formação artística e profissional. Neste trabalho adquire apreciável domínio de desenho de arquitetura, que haveria de refletir-se como qualidade de sua obra artística.
1913 - Começa com Presciliano Silva (Salvador, BA, 1883 - Rio de Janeiro, 1965) a fazer manchas, em pintura paisagística de plein air, na orla e na periferia da cidade do Salvador. Presciliano acabava de regressar do seu segundo período na Europa e, de acordo com depoimento escrito de Manoel Lopes Rodrigues, estava pleno de impressionismo.
1914 a 1919 - Embora sejam raros os quadros datados por Alberto Valença, alguns indicam datas, em obras adquiridas por Carlos Costa Pinto e Otávio Ariani Machado (q, v, figs. 6 e 10). Indícios topográficos e iconográficos permitem a identificação de outros da época.
1917 - Falecimento, a 22 de outubro, do Prof. Manuel Lopes Rodrigues, principal mestre de Alberto Valença aos 58 anos de idade.
1920 - Alberto Valença emprega-se na Inspetoria das Obras contra as Secas, como desenhista, servindo sob a chefia dos engenheiros Pires do Rio e Pimenta da Cunha.
- Participa do grupo A Távola, liderado por Carlos Chiacchio, juntamente com Admar Guimarães, Presciliano Silva, Eugênio Gomes, Aloísio Carvalho Filho e outros.
1922 - Faz Claudimar (retrato de um adolescente, q. v. fig. 8), de inquestionável domínio estilístico, naquela data, três anos antes de ir à Europa.
1923 - Participa da Exposição Coletiva organizada por Presciliano Silva para o Centenário da Libertação da Bahia, inaugurando a nova sede do Instituto Geográfico e Histórico da Bahia e repetindo-se na Casa da Bahia do Rio de Janeiro, Desta mostra
de escultura, gravura,pintura e desenho, citam-se, dentre os demais expositores, Presciliano Silva, Oséas dos Santos, Pasquale De Chirico, Carlos Sepúlveda, Alfredo Araújo, Lourenço Conceição, Robespierre de Faria, Vieira de Campos, Pedro Ferreira,
Álvaro Barros, Raimundo Aguiar, Erotides Lopes e, em homenagem póstuma, G. Conceição Foeppel e Manoel Lopes Rodrigues (q.v. Renascença, Rio, julho de 1923).
- Primeira exposição individual na Bahia. (Segundo a historiadora Maristela Alves: "Estimulado por Presciliano Silva e outros amigos, realizou sua primeira exposição na Bahia, em 1923, recebendo elogios").
1924 - Publica-se, em Salvador, a primeira edição de A Pintura na Bahia, de Acácio França. No capítulo VI, o autor faz o primeiro reconhecimento crítico, abalizado, sobre o pintor (q.v. Revisão Crítica).
1925 - Segunda exposição individual na Bahia. Comentada pelo crítico e jornalista Rafael Barbosa, que indica vários títulos identificáveis às ilustrações deste livro: figs. 9, 11, 32, 80, 81, e 85.P
- Recebe pensionato do Governo do Estado da Bahia para aperfeiçoar-se na Europa por dois anos.
- Pinta, para o Mosteiro de São Bento, o retrato O Abade Dom Ruperto (q.v. fig. 1000.
- Viaja para a Europa (passaporte 49.993-709, emitido em 28-09-1925), onde frequenta a Academia Julian, em Paris, nos dois anos seguintes, e despende o terceiro em várias cidades da Bretanha.
1926 - Produz expressivo número de estudos e retratos em Paris, no ateliê de Emile Renard (Sèvres, 1850 - Paris, 1930), que o aconselha a fixar-se na França - ou no Canadá, onde seu nome foi indicado a uma escola de pintura.
1926 a 1927 - Transfere-se para a Bretanha, onde realiza numerosos estudos, manchas e telas, sobretudo em Concarneau, Finistère, Pont-Aven, Douarnenez e outras localidades entre pintura de pleinair e retratos de modelos em características locais.
1927 a 1928 - De acordo com a informação de Almiro Pires de Aguiar Valença, irmão do pintor, este excedeu em um ano o período de bolsa financiada pelo Estado da Bahia, mantendo-se na França com a venda do que pintava lá. Foi grande a quantidade de quadros produzidos em Paris e na Bretanha, dos quais restaram cerca de trinta, todos expostos e vendidos na Bahia.
1928 - Chega a Salvador, Bahia (q.v. A Tarde, BA, 18-10-28, notícia da chegada, ilustrada com a tela Velha Bordadeira de Concarneau). Volta a pintar a paisagem baiana com empenho para a sua exposição de dezembro do mesmo ano. Nesta, reúne cerca de sessenta trabalhos, sendo metade dos realizados em França e a outra já feita na Bahia. Assinala-se relevante sucesso e reconhecimento ao artista. Seus principais adquirentes, noticiados em crônicas de jornais, foram Carlos Costa Pinto, Arnold Wildberger, Pedro Sá, Mário Pires, Eduardo de Moraes e M. Monteflores.
1928 a 1929 - Exerce o ensino de desenho no Ginásio da Bahia.
1929 - Data a tela Farol da Barra (q.v. fig.39), pouco antes de viajar para o Rio de Janeiro.
1931 - Transfere-se para a Capital Federal, o Rio de Janeiro.
- Participa da Exposição da Associação dos Artistas Brasileiros, no Palace Hotel, do Rio.
- O crítico Eugênio Gomes dedica-lhe em O Globo, do Rio, edição de 5-10-1931, importante texto ensaístico que lhe confere acatamento no meio intelectual.
- Exerce o ensino de desenho técnico no Curso Freycient (Rua Uruguaiana), à noite.
- Exerce o ensino de desenho para nível ginasial no Insstituto Lafayette por dois anos.
1932 - Faz o auto-retrato, com dedicatória à sua mãe, datado Rio - 1933 (q.v. fif. 101)
1932 a 1933 - Relaciona-se à Galeria Georges Petit, da Avenida Rio Branco, que expõe na vitrine os retratos pintados na época, alguns posados e outros baseados em fotografias. O marchand reconhece-lhe o mérito e ampara-o contra a indiferença de competidores. Datam dessa época o retrato do Visconde de Morais para o Banco Português, o de Ana Cerqueira Lima (q.v. fig. 104), o Retrato de Moça (fig.103) e o do Cardeal Dom Sebastião Leme - de maior dimensão e destinado ao Consistório da Irmandade do SS. Sacramento da Candelária do Rio de Janeiro - datado de 1934 (fig.105).
- Participa do Salão Nacional de Belas-Artes, inscrevendo-se com um único trabalho - o retrato de D. Ana Cerqueira Lima - e obtendo premiação (medalha de prata).
- Retorna a Salvador, Bahia, para nunca mais sair de sua terra natal. A data da volta é questionável. Há evidência de sua presença em 1933, conforme ele próprio nos confirmou, mas a assinatura e a data postas por ele no retrato de Dom Sebastião Leme na Candelária, são de 1934, assim como a data da cartela feita pela Irmandade do SS. Sacramento da Candelária: "1933 - 1934". Presume-se tenha regressado de fato em 1933, retornando ao Rio para conclusão e inauguração do retrato no começo do ano seguinte.
1933 a 1934 - Indicado para a regência da cadeira de Desenho de Modelo Vivo da Escola de Belas-Artes do Estado da Bahia.
- Reassume o cargo de professor de Desenho, no Ginásio da Bahia, que exerce até a década seguinte.
1936 - Integra o grupo fundador de Ala das Letras e das Artes.
1937 - Exposição individual, no saguão do Palácio Rio Branco, abril (q.v. crítica de Carlos Chiacchio).
- Participa do I Salão de Ala das Letras e das Artes com Estudo de Cabeça, Crepúsculo da Penha e outros trabalhos.
1938 - Expõe, no II Salão de ALA, dezenove trabalhos (paisagens, marinhas, interiores). O Imparcial, edições de 22-08-38, 24-10-38, 31-10-38, 7-11-38: Nélson Souza Oliveira considera Valença a mais importante representação.
1939 - Casa-se com Letícia Machado, sua aluna da Escola de Belas-Artes.
- Nasce Antônio Alberto Valença.
1940 - Nomeado consultor do Museu do Estado, cargo que exerce até aposentar-se aos 70 anos.
- Pinta o retrato do Abade Dom Plácido Staeb (q.v. fig. 116) para o Mosteiro de São Bento da Bahia.
1941 - Carlos Rubens, em Pequena História das Artes Plásticas no Brasi (Editora Nacional, São Paulo,1941) comenta com realce a obra de Alberto Valença.
1942 - Participa do VI Salão de ALA (um interior do Convento de São Francisco).
- Participa, no correr da década, das exposições coletivas da Escola de Belas-Artes.
1943 - Falecimento de sua esposa Letícia, aos 34 anos.
1944 - Acácio França, na segunda edição de A Pintura na Bahia, revisa e revela sua apreciação de 1924.
1945 - Contratado pelo E.P.U.C.S, para uma série de desenhos do casario da Bahia antiga (q.v. figs.62 e 63).s.
1946 - Participa do Salão de ALA.
1947 - Participa do Salão de ALA.
- Empreende, com seu amigo Álvaro Cruz, várias idas de automóvel à localidade de Armação, caminho de Itapoã, onde realiza numerosas manchas desenvolvidas em quadros (q.v.figs. 54, 55 e 56). Esta foi a área mais longínqua de Salvador na pesquisa paisagística de Valença que se entende de 1947 a 1950.
1949 - Primeiro prêmio, medalha de ouro da Divisão Geral do I Salão Baiano de Belas-Artes, no ano IV Centenário da Fundação da Cidade do Salvador. Salão de caráter nacional, organizado por Anísio Teixeira, Presciliano Silva, José Valladares, Admar Guimarães, Diógenes Rebouças,Mendonça Filho, Ismael de Barros e Godofredo Filho. O prêmio de Alberto Valença foi conferido ao seu Retrato de Dona Ana (q.v. fig.104).
1950 - Com a lei nº 84, de 12-08-48, o governador do Estado da Bahia doa o edifício da Escola de Belas-Artes, possibilitando ao Governo Federal incorporá-la à Universidade. Através do decreto-lei nº 1.254, de 1950, "os professores que já lecionavam na Escola de Belas-Artes tornam-se efetivos.
- Veraneia em Itaparica, onde pinta Casario de Itaparica (Largo da Quitanda, q.v.fig.96), marinhas (figs.97 e 98) e vários outros quadros.
1951 - A 20 de novembro é nomeado, pelo presidente da República, professor catedrático, padrão O, da cadeira de Desenho de Modelo Vivo, do Curso de Belas-Artes da Escola de Belas-Artes da Universidade Federal da Bahia.
- Integra a comissão julgadora do III Salão Baiano, Divisão Geral, juntamente com Mendonça Filho e Alfredo Oliani.
1951 - Nasce, em Salvador, Maria Amélia Valença, filha do pintor.
1955 - Participa do V Salão Baiano de Artes, com um desenho.
- Pinta o Retrato do Pintor Manoel Mendonça Filho (q.v. fig.122)
1956 - Integra, juntamente com Mendonça Filho, a comissão de julgamento do VI Salão Baiano de Artes, onde expõe trabalhos hors-concours.
- Desenvolve a numerosa série de quadros, tomados de ângulos diversos, do claustro e pátio do Convento do Carmo, que se prorroga por quase toda a década seguinte.
1960 - Falece, em Salvador, Olympia de Aguiar Pires Valença, mãe do pintor, aos 93 anos de idade.
- Primeiros sintomas de diminuição da acuidade visual.
- Aposentadoria compulsória, por idade, do cargo de professor de ensino superior da Universidade da Bahia.
1961 - Aos setenta anos, Valença redescobre no Convento do Carmo, quase desabitado, o refúgio ideal para a derradeira série de pinturas. Lá reencontra o sossego. Sente-se mais protegido dos moleques de rua e de praia que enxotam o velho pintor de onde tenta abrir o seu tripé e a caixa de pintura. Os paredões e a arcaria dos pátios fazem-se cortinas, amaciando a luz. O pintor admite lavadeiras estendendo roupas, a silhueta temporânea de um frade, o cansaço das padieiras e as velhas torres barrocas, estranhamente sempre jovens, abrindo sorriso no céu. Quantos quadros Valença pintou no Carmo? Ninguém sabe. Teófilo Cunha, o finado amigo fiel, levou consigo a conta. Ao biógrafo e crítico não compete o elogio da fase derradeira. Cabe, apenas, assinalar a despedida do pintor, enquanto a catarata, dia a dia, lhe velava a paisagem, a figura e o domínio da paleta.
- Recebe o título de Professor Emérito da Universidade Federal da Bahia, no dia 25 de outubro, saudado por Manoel Inácio de Mendonça Filho (Salvador, BA, 1894 - 1964), seu grande amigo e colega, diretor da Escola de Belas-Artes.
- A Academia Brasileira de Belas-Artes confere-lhe a Medalha de Grau Acadêmico e Gravata Comendatícia, assim como a Cadeira 46, patronímica de Eugênio Latour.
1969 - Inaugura-se na Bahia, na cidade do Salvador, o Museu Carlos Costa Pinto, que reúne em seu acervo vinte e sete das principais obras de Alberto Valença, pintadas entre 1914 e 1940.
1970 - Considerável diminuição da capacidade visual.
- Exposição retrospectiva no Museu de Arte Sacra da Bahia,em novembro, comemorativa do octogésimo aniversário do pintor, sob os auspícios do Conselho Estadual de Cultura e cooperação da Universidade Federal da Bahia. Total de 61 obras expostas, de museus e coleção particulares de Salvador.
- O Governo do Estado da Bahia confere ao pintor Alberto Valença o Prêmio Odorico Tavares, criado para o artista que mais se destacou durante o ano. Refere-se à retrospectiva que reuniu notável acervo da obra valenciana (q.v. Juarez Paraíso, in Tribuna da Bahia, 26 de dezembro de 1970, "Artes Plásticas", "Alberto Valença Agraciado com o Prêmio Odorico Tavares").
1971 - Retrato, carvão, do poeta Godofredo Filho (q.v.fig. 127), autor do texto biográfico e crítico do catálogo da grande retrospectiva no Museu de Arte e Sacra da Bahia (q.v. Revisão Crítica).
- Acentua-se a tendência à melancolia. Inicia a queima de quadros para os quais não alcança os resultados exigidos pelo rigor de sua autocrítica.
Tudo ocorre no refúgio do pequeno ateliê improvisado numa das celas do velho Convento do
Carmo. Teófilo Cunha, funcionário do Museu do Estado, seu compadre e confidente, executava a queima dos quadros rejeitados até fins de 1973.
1972 - Faz o retrato de Antônio Alberto, seu filho, posado em várias sessões, durante dois anos, no Convento do Carmo, ao tempo em que aquele mosteiro serviu de sede provisória do Museu do Estado.
O retrato não foi concluído, nem assinado. Declarado extraviado.
1973 - Pinta o Retrato de Carlos Eduardo da Rocha (q.v. fig. 128), presumivelmente o último de Alberto Valença, então já afetado de catarata.
- Conclui Gameleira, última paisagem assinada, em janeiro, no veraneio da Ilha de Itaparica (q.v. fig. 129).
- Ainda no mês de janeiro e no veraneio de Itaparica, tenta, sem o conseguir, pintar uma paisagem de campo (q.v. fig. 130) e uma marinha (fig. 131).
- Crise de retenção urinária. Tratamento cirúrgico.
- Operação de catarata, olho direito.
- Muda-se de sua casa, por ele projetada, da Rua Tuiuti, por causa da escada, para um apartamento de espigão da Avenida Sete, com Almiro, seu irmão mais velho, e onde ambos dispõem de enfermagem permanente.
1977 - A 8 de junho o autor visita-o e, comunicando-lhe o projeto deste livro, tenta e obtém informações indispensáveis ao desenvolvimento da documentação e de possíveis fontes de depoimentos.
1979 - Entre abril e julho o autor documenta cerca de duzentas obras de autoria de Alberto Valença, das quais seleciona as ilustrações, enquanto grava entrevista e depoimentos e consulta arquivos.
- Alberto Valença demonstra desejo de ver as fotografias destinadas ao livro. Em 9 de junho
o autor projeta cento e vinte diapositivos de 6 cm x 6 cm sobre uma superfície de 1,50 m² .
O pintor ancião, sob intensa emotividade, acompanha o retrospecto de sua obra, identificando e corrigindo localidades, aproximando datas, rememorando adquirentes e, surpreendentemente, indicando falha de documentação por ausência de obras que considera fundamentais.
- O autor empreende nova pesquisa em julho, baseando-se nas indicações de Valença. Alcança, desse modo, expressivo número de obras entre proprietários de Salvador e do Rio.
Na seleção final, reconhece-se a validade das indicações do pintor.
- A Construtora Norberto Odebrecht S.A.,credenciada por numerosas publicações de caráter cultural e no interesse de divulgação da história da arte no Brasil, empreende a editoração deste livro, através de uma equipe especializada, para consagrar a obra do pintor Alberto Valença no mais alto nível dos recursos gráficos disponíveis no país.
1969 - Inaugura-se na Bahia, na cidade do Salvador, o Museu Carlos Costa Pinto, que reúne em seu acervo vinte e sete das principais obras de Alberto Valença, pintadas entre 1914 e 1940.
1970 - Considerável diminuição da capacidade visual.
- Exposição retrospectiva no Museu de Arte Sacra da Bahia,em novembro, comemorativa do octogésimo aniversário do pintor, sob os auspícios do Conselho Estadual de Cultura e cooperação da Universidade Federal da Bahia. Total de 61 obras expostas, de museus e coleção particulares de Salvador.
- O Governo do Estado da Bahia confere ao pintor Alberto Valença o Prêmio Odorico Tavares, criado para o artista que mais se destacou durante o ano. Refere-se à retrospectiva que reuniu notável acervo da obra valenciana (q.v. Juarez Paraíso, in Tribuna da Bahia, 26 de dezembro de 1970, "Artes Plásticas", "Alberto Valença Agraciado com o Prêmio Odorico Tavares").
1971 - Retrato, carvão, do poeta Godofredo Filho (q.v.fig. 127), autor do texto biográfico e crítico do catálogo da grande retrospectiva no Museu de Arte e Sacra da Bahia (q.v. Revisão Crítica).
- Acentua-se a tendência à melancolia. Inicia a queima de quadros para os quais não alcança os resultados exigidos pelo rigor de sua autocrítica.
Tudo ocorre no refúgio do pequeno ateliê improvisado numa das celas do velho Convento do
Carmo. Teófilo Cunha, funcionário do Museu do Estado, seu compadre e confidente, executava a queima dos quadros rejeitados até fins de 1973.
1972 - Faz o retrato de Antônio Alberto, seu filho, posado em várias sessões, durante dois anos, no Convento do Carmo, ao tempo em que aquele mosteiro serviu de sede provisória do Museu do Estado.
O retrato não foi concluído, nem assinado. Declarado extraviado.
1973 - Pinta o Retrato de Carlos Eduardo da Rocha (q.v. fig. 128), presumivelmente o último de Alberto Valença, então já afetado de catarata.
- Conclui Gameleira, última paisagem assinada, em janeiro, no veraneio da Ilha de Itaparica (q.v. fig. 129).
- Ainda no mês de janeiro e no veraneio de Itaparica, tenta, sem o conseguir, pintar uma paisagem de campo (q.v. fig. 130) e uma marinha (fig. 131).
- Crise de retenção urinária. Tratamento cirúrgico.
- Operação de catarata, olho direito.
- Muda-se de sua casa, por ele projetada, da Rua Tuiuti, por causa da escada, para um apartamento de espigão da Avenida Sete, com Almiro, seu irmão mais velho, e onde ambos dispõem de enfermagem permanente.
1977 - A 8 de junho o autor visita-o e, comunicando-lhe o projeto deste livro, tenta e obtém informações indispensáveis ao desenvolvimento da documentação e de possíveis fontes de depoimentos.
1979 - Entre abril e julho o autor documenta cerca de duzentas obras de autoria de Alberto Valença, das quais seleciona as ilustrações, enquanto grava entrevista e depoimentos e consulta arquivos.
- Alberto Valença demonstra desejo de ver as fotografias destinadas ao livro. Em 9 de junho
o autor projeta cento e vinte diapositivos de 6 cm x 6 cm sobre uma superfície de 1,50 m² .
O pintor ancião, sob intensa emotividade, acompanha o retrospecto de sua obra, identificando e corrigindo localidades, aproximando datas, rememorando adquirentes e, surpreendentemente, indicando falha de documentação por ausência de obras que considera fundamentais.
- O autor empreende nova pesquisa em julho, baseando-se nas indicações de Valença. Alcança, desse modo, expressivo número de obras entre proprietários de Salvador e do Rio.
Na seleção final, reconhece-se a validade das indicações do pintor.
- A Construtora Norberto Odebrecht S.A.,credenciada por numerosas publicações de caráter cultural e no interesse de divulgação da história da arte no Brasil, empreende a editoração deste livro, através de uma equipe especializada, para consagrar a obra do pintor Alberto Valença no mais alto nível dos recursos gráficos disponíveis no país.
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